Plantio=Colheita

Estava a mulher andando na estrada, já sentindo o peso dos anos curvarem seus ombros. Seu olhar generoso e inquieto, observa tudo ao seu redor. Como está tudo tão mal cuidado. Nunca o sentimento de impotência esteve presente em sua vida. Mulher guerreira sim, sempre, só que não mais com trinta anos! O caminho ladeado por ruínas não a assusta. O que enxerga, é sua rotina, tanto por fazer. Já faz um tempo em que, ganhara aquela bengala, onde apóia sua mão direita enrugada.Olha divertida para a mão que segura com firmeza esta bengala, que faz um som seco, quando bate no chão. As rugas, são a marca do tempo, que passa! Sente sede. Seu olhar busca um portão, uma pessoa, para quem possa pedir um copo de água. Eis que lá adiante, um colorido no abandono ao redor, chama sua atenção. Devagarito, passo a passo, se aproxima da vegetação exuberante que a atraíra, como um ímã. O canto dos pássaros lhe dá as boas vindas. A exuberância das folhagens multicoloridas deixa seu coração em festa. Repara numa placa, de madeira, onde tem talhado um nome, deve ser do proprietário... acomoda os óculos para poder enxergar melhor e ao ler não acredita. Coincidência? Senta na grande pedra que tem a sua frente, tira os óculos, limpa na barra da saia, coloca ele de novo, e rele a placa, sim é isso mesmo, tem seu nome nela. Olha ao redor, controlando o riso, encantada com o colorido das borboletas que surgiram para lhe dar as boas vindas. Olha para o caminho de onde viera, estava igual. Nada mudara, tanto ainda por fazer. Então, ela levanta, sem pressa! Abre com a mão esquerda o portão de ferro, bem cuidado! Sorridente, feliz, ela pega o copo com água cristalina, que aparece à sua frente. Bebe devagar, saboreando cada gole! Sim, agora pode descansar, na colheita de uma vida inteira!