Preto e Eu

Abandonado, na estrada onde moro, Preto se chegou! Magro, doente, esfomeado. ganhou coleira nova e um lar! Companheiro das noites de lua cheia, onde uivávamos juntos, com Sasha e Maya, as cadelas da casa! Passaram-se dois anos desde sua chegada! Companheiro fiel, na manhã ainda com a grama molhada, rabo abanando, me acompanhava para pegar o jornal. Hiper ativo, guardião fiel, tenor. Este era Preto, em minha vida. O tempo passou...educadíssimo,obediente e cantor. Bastava eu uivar para a lua, logo ele fazia o coro, atraindo Sasha e Maya,e o concerto acontecia! Fui muito felis com Preto! Me apercebia de sua idade avançada, por causa dos brancos que começaram a surgir, na negritude de seus pelos . Companheiro fiel, degustador do arroz com osso que eu preparava especialmente prá ele, pois Maya e Sasha estavam acostumadas com ração, que ele cheirava e desdenhava. Companheiro de noites insones, ele e só ele, entendia minha solidão. Assim como ele chegou, ele se foi. Ainda agora, depois de ter uivado na noite, chamando sem sucesso meu Preto, entrei em casa, sentindo de uma forma estranha, que ele se foi, para sempre. A relaçao que vivemos, eu mulher madura, ele um velho cahorro, ficará para sempre em meu coração. Sinto que ele se foi, que não vai voltar. Que deixou em mim, marcas profundas de sensibilidade irracional,pode? Preto, um cão abandonado, de sensibilidade extrema, meu amigo! Dizem que quando um cão velho "sente" que vai morrer, ele se afasta. Vá bene, sou aprendiz. Mas te confesso, sinto saudades de meu Preto!