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domingo, 17 de janeiro de 2016
Ser mãe de Gisela
Estava lendo no jornal Zero Hora(meu vício) dominical,o artigo de Mariana Kalil a respeito de visitas à recém nascidos. No meio do artigo, num voar de borboletas, fui levada ao passado. Lembrando, como se fosse agora, minha saga com Gisela, quarta filha gerada por mim e Adel. Por ela ser diferente das outras crianças, parecia que, todos ao meu redor eram sábios conselheiros. TODO SER HUMANO, se aproximava com uma receita ou oração milagrosa. No ônibus T2 que usamos diariamente por mais de 20 anos então, era matemático. NUNCA alguém se aproximou perguntando se precisávamos de ajuda; ao contrário, deixavam suas mazelas camufladas no ato da caridade com o alheio. Foram tempos estranhos, aprendi muito, como defender minha filhota de tanta bobagem. Quando ela ficou entre a vida e a morte, e eu enxotei LITERALMENTE uma visita que só falava desgraças, senti que tinha me tornado um animal irracional, só instinto de sobrevivência. Lembro quando no encontro estadual de leis e diretrizes básicas da educação, fui palestrante, defendendo o direito de seres iguais à minha filha estarem em escolas normais, lembro do olhar cansado dos educadores presentes...sim...sobraria para eles. Mas, assim caminha a humanidade. O foco de minha conversa contigo hoje é simples...A maternidade traz para cada mulher, a descoberta de que temos a loba, a leoa,a pantera dentro de nós! E, que elas surgem, para protegermos nossas crias! O que fica disso tudo? Te firma em tuas convicções, segue teus instintos e, te diverte com a vida! Gisela ensinou para mim, a graça da vida! Quando na solidão da noite, e todos enfim adormeciam, chorei algumas vezes, poucas confesso, pensando como seria bom, ter uma ajuda do que eu e Gigi realmente precisávamos! Observava a grande família ao nosso redor, pensava...será que alguém aí, se lembra que temos o mesmo sangue? Logo então, vinha a lucidez...é fácil ajudar o alheio. Entender que alguém da grande família "produziu" uma *peça defeituosa* envergonha a estirpe. Estou sorrindo, ao escrever este texto! Espero que, mães de seres diferentes como Gisela, surdos,cegos,cadeirantes,autistas e toda a gama de portadores de atenção especial VISÍVEL, leiam ou, tu passes para alguma mãe, que esteja vivendo esta realidade. Para ela estar preparada para fincar seus pés no caminho, deixar crescer suas garras e afiar seu olhar de águia-mãe! Para ela saber que tudo passa, seu filhote cresce, realizando sua história!Para ela entender que, já fomos mais sofridas, que hoje, a comunidade ao nosso redor, seja familiar ou social, admite a possibilidade de aprender com nossos filhos! E que a vida, sempre será uma dádiva!
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