...o nome dela é Carol. Tem nove anos de idade. Trabalha nas sinaleiras de uma cidade aqui no RS. A mãe morreu de aids e o pai está preso. Outros parentes? Ninguém a quis.
É bem cedo, a buzina dos carros, anuncia o que a pequena Carol já sabe... todo mundo tem pressa!
No que o sinal fica vermelho, ela escolhe um carro. A cor não interessa, uma espécie de sexto sentido guia a menina. Seu rosto está sujo (ela tem o cuidado de sujá-lo antes de começar a trabalhar), as lágrimas (geniosamente provocadas)marcam sulcos que lhe dão um ar de profundo sofrimento. Seu olhar é triste e compungido. Não há quem não abra o vidro do carro, e dê algumas moedas para ela. Ela pega o que ganha(as vezes são balas) coloca no bolso da calça que está vestindo. Lança um meio sorriso, para a pessoa doadora e "arrasta" o corpo infantil para a calçada.
Vive esta rotina por tres horas consecutivas, ou até juntar o que precisa, todos os dias. Ela é livre. Já tentaram colocá-la em casas para menores, ela sempre escapa. O que ganha na sinaleira, não dá para ninguém. Bem que o Raulzito, que se acha dono da sinaleira tentou se meter com ela. Só tentou! Bastou ela mostrar a faca que carrega consigo, que ele não se meteu mais com ela.
Hoje é um dia igual a todos os outros! São onze horas da manhã. Quase tempo de terminar seu dia de trabalho. Por ser sexta-feira, as pessoas estão mais "mão aberta". Já juntara vinte e dois reais.Um senhor perfumado lhe dera uma nota de dez reais! Sorri, satisfeita, pensando em comprar uma havaiana rosa pink, sua cor preferida. Geralmente ela é atenta, mas distraida,pensando na sandália pink , pela primeira vez em sua precoce vida, não olhou o sinal, esqueceu por segundos de olhar o sinal. Estava amarelo! Um carro veio em sua direção tri de apressado, aproveitando o sinal, acelerou um pouco mais.
Vai dar! Pensa o motoristam com hora marcada no dentista.
Não deu. Sem saber da onde, surgiu defronte seu carro, uma destas pedintezinhas de sinaleira e pronto.
Uma freada brusca, já sobre o pequeno corpo.
Pára o trânsito. Mais uma morte para o índice de acidentes no trânsito.
Morre aqui, uma micro empresária.
Enquanto a vida segue, te peço...
Por favor, tenhas mais maturidade existencial. Para um pouco... Teu problema não é o maior do mundo! Para de transformar tua vida numa eterna maratona que exige que tires o primeiro lugar. Ajuda o universo a elevar os padrões energéticos, enxergando tua vida como algo cada dia melhor. Afinal de contas, não estás em uma sinaleira, como a Carol, que mesmo assim, era toda up!
A propósito, eu conheci Carol. Eu levava sanduiche para ela, sempre que sabia que iria passar em sua sinaleira!
Carpe diem!
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