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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Nakeba além mar cap VI

O pesadelo parece não ter fim. No porão do navio, o número de negros está reduzido. Diversos corpos foram retirados mortos ao longo da viagem, desde a saída da África. Nakeba vira, ao longo dos meses, que parecem não ter fim, alguns corpos de mulheres, algumas ainda nem haviam tido o primeiro sangramento que as tornaria mulher, serem puxados lá para cima e com toda certeza jogadas ao mar. Ela consegue sobreviver porque busca na magia, as asas da águia e voa até sua amada terra, onde se abastece de muita coragem! Mas o sofrimento vendo aquele povo todo ir morrendo à mingua; pouca comida; água quase nenhuma e os excrementos misturados ao vômito espalhando doença, faz com que lute muito para não perder a razão! Sente que está no limite de suas forças. É quando o barulho e o movimento do grande barco, fica diferente. Aguça os sentidos, estão chegando! Seu coração dispara, parece que o sofrimento vai ter fim! Vai encontrar seus irmãos e juntos darão um jeito de voltar para casa. Uma escada é jogada e um por um, os negros saem do porão. Está amanhecendo, o sol esta na linha do horizonte. Esfrega os olhos, a luminosidade atinge em cheio seu rosto, magoando seus olhos acostumados à escuridão do porão. Sente quando uma corrente é presa à argola que fora colocada em seu pé direito, ainda lá, na África. Saindo do torpor que se encontra, ela tenta se rebelar, mas está fraca demais, e quando puxa a perna, puxa outra mulher,e só então se dá conta que todos estão acorrentados, uns aos outros. Mesmo tonta, ela acerta o passo, para não magoar mais ainda seu corpo e dos outros presos. Eles descem do barco e são conduzidos para a terra, onde diversas pessoas estão à espera. E para terror da africana, vê seus irmãos de cor, serem vendidos, sendo avaliados como bichos. Seu coração está sangrando. Quando chega sua vez, (ela emagrecera muito) está tão magra, que ninguém se interessa em sua compra. Vai ficando por último, está muito cansada! Vê os companheiros de viagem irem com seus donos para longe de sua visão. Uma sensação ruim toma conta dela, aperta o peito, parece que um torniquete sufoca em sua garganta, não deixando que respire. Tudo vai ficando escuro ao redor , ela cai no chão, pensando que jamais verá seus irmãos novamente. Quando desperta, sua cabeça está no colo de uma mulher branca, que dera uma erva para ela cheirar, é o que a trouxe de volta. Ouve então a mulher conversar com o homem que está encerrando a venda da mercadoria vinda da África. Meio tonta, entende que ela está se oferecendo para ficar com Nakeba. O vendedor chuta as pernas de Nakeba, esperando um movimento, mas ela sente uma náusea, vomita e com sangue. O homem dá outro chute nela, furioso. Com voz dura, fala coisas que ela não entende, mas vê um pequeno sorriso no rosto da mulher que a acudira. E é ela quem ampara Nakeba a ajudando a levantar e fazendo sinal que a acompanhe. No que elas se afastam do lugar da venda, a mulher abre o saco de pano que traz consigo, tira um pedaço de pão com carne e dá para ela comer. Também dá um pouco de leite de cabra, que Nakeba adorava beber, lá na tribo. Então como um dique que se rompe, o choro explode incontrolável na africana. Seu corpo é sacudido de uma forma tão violenta, é um choro tão convulsivo, que a mulher a abraça com carinho, a acalmando. Então, ela coloca a mão no peito e diz... eu Sofia , eu Sofia ... e tu? Aponta a mão para a africana que junta forças e fala Nakeba...Nakeba!

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