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sábado, 4 de agosto de 2012

Sofia capVIII

Em terras novas, como Sofia chama onde mora, ela transformou com o passar do tempo o casebre onde mora com seu marido e seus dois filhos. No início, lembrava de seu Portugal querido todos os dias. A saudade de sua família que lá ficara, sem que ao menos pudesse se despedir, era de uma dor quase insuportável, mas que aos poucos fôra diminuindo. Dois anos se passaram, desde aquele malfadado dia. Mas Sofia sempre foi uma portuguesa corajosa! Ainda pequena, ajudava a mãe nas tarefas de casa e quando sobrava tempo, ia com o pai e os irmãos trabalhar na terra, plantando e colhendo alimentos vendidos na vila. Em uma dessas idas é que conhecera seu marido. Eles trocaram olhares e logo se aproximaram, para nunca mais ficarem longe um do outro! E a vida ao lado de Rui desde o início tem sido de muito trabalho e luta. Hoje, ela olha a casa onde moram, pensativa.Aos poucos, estava conseguindo deixá-la parecida com a que tinham, quando o capelão quase destruiu suas vidas! A dedicação dela, e os parcos recursos financeiros deixaram seu lar um primor! O pouco dinheiro que Rui troxera, fôra muito bem administrado. Nesta terra, a troca é o modo normal de adquirir bens, sejam quais forem. Rui é um excelente marceneiro e são poucas as pessoas com capacidade por aqui. E vontade de trabalhar também, muito poucas. Por isso os dois, logo conseguiram com coragem e trabalhando bastante, irem adquirindo o que Sofia queria! As outras famílias que já estavam a mais tempo buscam Sofia para tudo. Ela prepara chás, faz bolos deliciosos, até ensina outras crianças a ler, junto com seus filhos,aqui não há escola. Recebe em troca, verdadeiros tesouros, um lampião; panos que ela fizera cortinas e colocara nas janelas da sala e do quartos de dormir. Às poucas louças que conseguira trazer no navio, se juntaram muitas outras, neste sistema de trocas. Quando não estão estudando as lições inventadas da cabeça da mãe, os dois meninos vão com o pai, ajudar no trabalho dele. Assim ela geralmente fica em casa sósinha, todas as tardes, que são longas neste país tão quente. Ela dedica este tempo ao cultivo de seus chás. Muitos ela teve que testar para o que serviam! São ervas com cheiro, que ela colhe até hoje, quando sai para caminhar com as crianças. Ela colhe a planta com carinho,em sua horta, conversando com as outras ervas "apresenta" a nova moradora,assim os canteiros não param de crescer! Quando a terra que moram hoje, foi adquirida, antes mesmo de erguer as paredes, Rui fizera a caixa de madeira, lá nos fundos, onde as abelhas fizeram sua colméia!Para sua Sofia, suas abelhas e mel, muito mel, este mel que ela adoça seus chás! O capelão Luiz, que reza as missas aos domingos, não tem tempo para a prática terrível de seus irmãos da congregação européia, a inquisição! O médico que viera nos primeiros navios que aqui chegaram, morrera faz tempo. Desde então a cura das doenças naturais desta região e estranha ao corpo dos europeus é tratada com reza, muita reza e poucos milagres. Entã Dona Sofia é tratada com respeito,por ele, além de ser muito católica! Quando chega um novo navio, a pergunta sempre é a mesma? Veio algum médico? Sofia na comunidade tem ajudado tanto, que ele agradece à Deus ela ter vindo para cá e isso basta, para ele. Aos poucos,nela a saudade de sua terra foi desaparecendo. A liberdade que vive aqui é diferente, ela ajuda crianças a nascerem, quando batem à sua porta, não importa a hora, ela vai até o canteiro, colhe suas ervas. As coloca em um saco branco de algodão e vai ajudar quem precisa. Suas mãos são calejadas, aqui o trabalho é mais duro, mas ela não se importa! Seus filhos estão saudáveis, seu marido é um homem trabalhador que a ama e a vida segue o rumo traçado por Deus e por sua Nossa Senhora, tão amada! Pensando no trabalho cada dia maior, e também em ter alguém para ajudá-la, ela resolve ir onde os navios param e tentar encontrar alguém para trabalhar com ela. Rui concordara, já acha que ela está trabalhando demais! Assim, após o pequeno café da manhã, as crianças foram com o pai e ela pegou a carroça indo até a vila para isso. Ela acompanhara todo o desembarcar. As mulheres que desembarcaram não serviam para o trabalho que ela precisa. Já estava desistindo, quando os negros acorrentados começaram a descer do navio. E então, quase por último, ela vira aquela mulher, fraca, arrastando o corpo, quase morta-viva. O corpo magro, parecia que iria cair a qualquer momento . Acompanhara o desinteresse de compra dos que estavam ali. Então pedindo à sua Mãe Nossa Senhora que lhe ajudasse, ela propusera ficar com a negra, que estava só fraca, desnutrida e ela sabia bem como a fortificar com suas ervas. Mesmo quando ela vomitou e o sangue tingiu o chão, Sofia não desistiu. E assim, neste instante, ela olha o corpo alquebrado de Nakeba? sim foi o nome que ela disse! Dirige a carroça entoando um canto para Maria, mãe de Jesus, com pressa, para chegar em casa. No que chegam, dirige a carroça para o galpão, onde as ferramentas de Rui estão guardadas. Lá prepara com feno, uma cama. Usa um lençol velho para deitar Nakeba nesta cama improvisada. Embebe o pano na bacia com água e ervas maceradas, o cheiro fortvem no pano e Sofia passa em todo o corpo da nova amkiga, com muito cuidado. Faz ela beber um pouco de leite com mel , insistindo pois ela está muito fraca! Cobre seu corpo com uma manta, fecha a porta do galpão, deixando o anjo de guarda de guardião. Cansada, entra em casa para preparar a janta da família. Está escurecendo, passa as mãos arrumando os longos cabelos cor de fogo em uma trança, que desmanchara ao cuidar de Nakeba. Um sentimento de alegria, como se uma irmã sua tivesse vindo de visita toma conta de Sofia. Sim, ela está muito feliz!

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