O Auto conhecimento é a chave para a conquista do sucesso.

sexta-feira, 30 de abril de 2021

                                            Capítulo XI


                                            Voltando ao contexto da experiência que estou vivendo: o câncer em minha vida! Jamais o que eu diga, te dará a real noção de tudo isso. Para mim, é mais uma prova do quanto somos humanos e de que o que pensamos que sabemos ou dominamos, nos torna sábios! Santa ignorância! Entendi o mundo das pessoas portadoras de necessidades especiais, quando gerei uma filha com deficiências. Ela tem hoje, 38 anos é cadeirante e surda! Tudo que eu preconcebia, a respeito deste assunto virou fumaça! Hoje, percebo melhor tal realidade. Filhos, netos adolescentes, que se envolveram com álcool, drogas, também vivi isso e identifico claramente na pessoa que conversa comigo, qualquer assunto que seja, a sombra deste caminhar! Então, quando o câncer se tornou real em meu útero, pensei, conversando com meu Povo Espiritual: a lição final! Ok! Vou fazer uma mousse de limão, para agradecer tal realidade.  É físico, vou dar conta, Sou do elemento terra. Muito racional. Eis que surge minha quarta filha, a bebê, que com os olhos brilhando me diz: Sou gay! Madona mia! Não tem como dizer: para o trem que eu quero descer! Essa possibilidade, não existe! Então, hoje, passados doze dias da quinta quimioterapia, mergulhada estou neste aprendizado, o da minha vida real! O gosto de metal, na boca o tempo todo; as unhas fracas, mais fracas do que  eu pudesse ter imaginado, ao olhar pessoas cancerosas! Careca, sempre sonhei em raspar a cabeça, tive um ancestral monge. Deus me livre, não tomar remédio para enjoo, insônia, dores por todo o corpo. É assim que estou nesse momento. Ah! E escovando os dentes o tempo todo, comendo de duas em duas horas e bebendo muita água! Então meu abraço agora, vai para todo este povo que está aluno de câncer! Fiquemos todos bem! Afinal, é sexta-feira! Carinho!

terça-feira, 27 de abril de 2021

                             Abre parênteses



                             Então: peço permissão! Quero compartilhar um acontecimento inédito, contigo, que lês este blog. Este fato aconteceu há 3 dias! Dia de minha filha cortar o cabelo. Fazem muitos anos, ela passa a máquina na cabeça. Corte que ela adora. Foi fazer isso lá fora. Eu enjoada com os efeitos da quimioterapia, estava na sala, bem acomodada em uma poltrona reclinável! Minha filha saiu, passou um tempo, ela retornou. Olhei surpresa, com o corte de cabelo que ela pediu para o irmão fazer... moicano! Olhei de novo, Os olhos dela estavam diferentes! Olhei de novo! Ela estava diferente. Estávamos somente as duas na sala. Senti uma onda tão grande, mas tão inexplicável, que não consigo descrever. Me vi abraçando ela e pedindo desculpas. Muitas vezes. Ela me olhando, com aquele olhar de satisfação.  Quando a forte emoção passou, ela disse com gestos, duas palavras: Eu gay! Eu vivi um  momento chocante! Eu só conseguia pedir desculpas, por não ter *visto* antes. Kikiki! Ela só dizia:  Não tem problema mãe! Tudo bem! Eu vergonha da família! Os manos...                                                                Tu consegues imaginar como se senti? Implorei à ela que confiasse em mim! Estávamos juntas, como sempre! Choramos abraçadas uma na outra! Que aprendizado diferenciado! É isso. Aos 38 anos de vida, minha filha, abriu um mundo novo, para mim, com sua realidade! Mãe cega? Não! Burra? Não! Não sei que tipo de mãe sou!  Uma coisa consigo te dizer, continuo dando a vida, por essa filhota!   Te agradeço filha da minha alma! Conta, mais do que nunca, comigo, em tua vida!

sexta-feira, 23 de abril de 2021

                                                        Capítulo X


                                                       Novidade para muitas mulheres



                                                      Bom. Ontem, arrastei meu corpo para consulta, no hospital Santa Rita, com a equipe que fez a cirurgia do câncer em mim. Digo arrastei, porque a primeira semana pós quimioterapia, fico um trapo, literalmente falando. Enfim, marcado estava. Eu respeito demais o SUS, e lá estava, respeitando o compromisso. As duas jovens médicas que me atenderam, fortificaram em mim, a certeza de estar com o melhor atendimento da América do Sul, nesta área! Aprendi, nessa consulta, que devo usar em minha vagina, um creme hidratante, como uso em outras partes de meu corpo. Fiquei muito surpresa, pois minha pergunta foi a respeito de ficar com a vagina ressecada, após a tirada de útero, etc. E, sempre aprendiz, peguei a receita do creme e hj já comprei! Meu conselho para todas as mulheres, é que consultem ou conversem com o farmacêutico,  pois esse creme é vendido em farmácias. Kikiki, perguntei à elas, se era vendido em loja sex shop. O sorriso delas, foi genuíno! Olha...que  aprendizado bonito. Então, com uma falta de ar, estúpida, preciso fazer tudo lentamente , nessa primeira semana, me despeço de vocês! Carinho!

terça-feira, 20 de abril de 2021

                                                            CapítuloXI


                                                           Ontem fiz a quinta quimioterapia, de um total de seis! Desta vez, fui com um calçado fácil de tirar, roupa fácil de vestir. Blusa larga para facilitar o soro! Fico deitada em uma cama. Faço três xixis , em média,  por vez. Como um dos braços tem o soro preciso me virar com uma mão só. Ontem me ri muito, de minha ginástica para puxar as calças, com uma só mão! Levo sempre meu japamala, fico quando acordada, orando meu mantra pessoal. Não que eu sinta sono ou durma, mas inserem no soro algo para dormitar. Fico tri atenta com o gotejar do líquido, entrando por minhas veias, o tempo que consigo cuidar.  Já contei um mil e setenta e sete gotas...conto para me distrair. Enfim, ontem foi mais suave. Creio que meu corpo se adaptou bem com essa química curadora, mas agressiva! E assim vão transcorrendo os dias, de vinte e um em vinte e um! Já estou organizando a última sessão. Creio que vou levar docinhos feitos por mim, para agradecer o carinho com que sempre sou tratada. Sou fã número um, do hospital Santa Rita!  Carinho!


domingo, 18 de abril de 2021

                                           Capítulo VIII


                                           O começo de tudo


Mas como tudo isso começou ?  Foi de repente? Então...começou com uma leve menstruação. Sem interrupção. Em março de dois mil e vinte. Nesse período, eu estava mantenedora da casa. Não podia me dar ao luxo de parar de trabalhar. Isso aconteceu em outubro. Com a situação drástica de ser mantenedora resolvida, uma irmã-amiga, pagou a consulta médica, com uma médica e, outra irmã-amiga, me levou à consulta. Foi quando a maratona teve início. Meu primeiro contato com a palavra câncer, foi ouvir da boca desta médica! Assim se passaram os meses! Tanto aprendizado, amanhã faço a penúltima quimioterapia. Ainda sinto medo de agulhas e, de hospitais e, da medicina alopática! Mas respiro fundo, e penso que antes eu, que meus filhos ou netos, passem por isso. Ofereço esse aprendizado para todas as mulheres que passaram, passam e vão passar por isso. Meu conselho maior, é que à revelia de qualquer realidade, procurem a medicina, ao menor sinal de algo diferente em seus corpos. É isso, por hoje! Carinho!  



quinta-feira, 15 de abril de 2021

                                          * Caindo * no mundo real   Cap VII


                                         Ontem.  Dia catorze  de abril do ano de  dois mil e vinte e um! Registrei em meu Livro das Sombras.   Ontem entendi, definitivamente  o  que estou vivendo.. Meu Anjo  de Guarda, na maratona hospital/exames/consulta médica, foi Adel, pai de meus filhos. Tinha que ter sido ele, pois se fosse minha Anja nana Elisabete, eu teria  naufragado, igual ao Titanic.  Qual o momento exato ?  Quando a dra, minha médica,  falou que eu vou ter alta desse câncer, daqui a cinco anos! É como se eu tivesse levado um soco na boca do estomago. Como ? Meu pensamento entrou em choque...parece que o parque de diversões  pegou fogo.  A té onde eu entendia essa maratona, ela estava chegando ao fim. Não penses que quando a maratona iniciou, eu pesquisei no Google a respeito. Eu sabia que estava nas mãos certas e, que o melhor aconteceria, e que o mando não estava comigo, quer dizer, eu precisava seguir a ordem.  E assim foi, até ontem. Cheguei na frente da Dra, Júlia, eufórica... estou chegando ao fim! Penúltima quimioterapia! O tratamento está terminando! Para minha surpresa, ainda tenho  quatro anos pela frente. Talvez, como ela mesma disse, terei que fazer radioterapia uiuiui, etc. E a alforria para mim, está nas mãos desta jovem médica! Óbvio que tem toda uma equipe por trás disso tudo à qual sou infinitamente grata! Mas, uiuiuiui.  Lá vou eu de novo, novamente, mergulhar no mundo real.  Maadona mia...será que vai ser sempre assim?  Por que sou projetada para um mundo, onde o aprendizado é tão duro? Será porque sou forte?  Com licença, isso é piada existencial. E não estou rindo. O que tem de bom nisso tudo? Que Adel estava ali, comigo. Meu amigo, companheiro, louco como eu,  há mais de cinquenta anos! Entendendo meu desconserto.  Olhando com ternura e preocupação, minha reação.  Estás a ver que não chorei. ali, na hora. Agradeci, peguei as receitas, escondi meu olhar da  médica, e saímos. Viemos no carro, trocando nossas recordações, rindo, emocionada! Quando ele foi embora,  fui para debaixo do chuveiro, onde chorei muito, muito mesmo. Rejane e seu mundo de Alice.  Isso TEM o lado bom...minha criança interior está viva! Ela está comigo, me protegeu desta dura realidade, que agora sim, estou pronta para assumir! Primeiro passo foi dado: chorei muito. Agora é só secar as lágrimas, continuara forte e  forte, agradecendo estar no século vinte e um e  não ter morrido ainda, por esta doença! Agradecendo a medicina alopática. Agradecendo o Complexo Hospitalar Santa Casa de Misericórdia e TODOS os funcionários que lá trabalham! Por hoje é isso! Gratidão à família, amigos, todos que estão nesse aprendizado, parceiros!  Carinho.

                

domingo, 11 de abril de 2021

                                           Capítulo VI                                                                                                                                                                                                                                                                                                               Falando de cura ou sobreviver, usando as ervas


                    Fiz diversas experiências, usando minhas irmãs querida. Já se passou um ano, deste caminhar gratificante, mas tão doído! Experimentei usar cada erva, uma por vez. Duas e tão somente duas, estão sobrevivendo comigo, em uso diário, sendo colocadas ao adormecer, junto de meu corpo. Lavanda e Alecrim!! Consigo sentir um alívio existencial, muito grande, o momento em que deito para o repouso  noturno! As náuseas frequentes e a saudade de algo que nem sei, ficam distantes! SINTO UM ALÍVIO que é uma benção! E CONFORME o dia uso um simples galho de cada erva, ou um galho abundante! Vale aqui ressaltar, que como impressão digita única que somos, não é uma receita, pois cada um de nós é único! Vale a receita do experimento1 Lógico que tomo o bendito plasil, para as náuseas! Assim como a pílula para dormir. Mas, as duas amadas ervas, produzem em meu ser, um lenitivo imediato! Então, posso indicar a maneira como, com mais saúde mental, estou suportando e agradecendo esse câncer-aprendizado. Por hoje, é isso! Carinho!

quinta-feira, 8 de abril de 2021

                                               Capítulo V


                      A vida, independente da minha realidade, segue! Aliás, independente de guerras, tsunamis, ódios raciais, estupro ou casamento, nascimento, a realização de um sonho... tudo segue em metamorfose absoluta! O que aprendi com a vida, é que sendo eu, feliz ou infeliz, a vida segue. Bem, confesso, eu já sabia disso. Por isso, minha escolha, sempre foi viver meu sonho! Sim! Sonhei muito e, construí a vida minha e de quem optou por seguir comigo, um sonho! Eu estava errada? Não acredito nisso, apesar de estar completamente diferente da Rejane, antes do câncer! Bom , não estou feliz, nesse momento. As vezes penso que a medicação dessa doença, fica localizada nas dobras de cada ponto de meu corpo. As *juntas* doem demais.  Kikiki. Para respirar, sem falta de ar, preciso de muita concentração. SE não estou concentrada, difícil, respirar. Sempre tive a convicção de que com o tempo, meu corpo se adaptaria e eu não ficaria tão frágil! Ok. Deus! Mas preciso deixar registrada aqui, essa parte da experiência.  Bom, Hoje o dia transcorreu mais leve. Tenho feito quinze minutos de banho de sol, na hora leve , de manhã e de tarde; ingerido o suco de três limões (colho do limoeiro na hora); deito na grama do jardim me misturando com as formigas que estão felicíssimas. Por que elas estão tão felizes ?  Porque não tenho forças para as exterminar.  Me alimentei de duas em duas horas; comi frutas; gelatina líquida que AMO! E assim foi meu dia! Agora. após um banho demorado, vou fazer os exercícios meus, espirituais. Espero que tu tenhas uma boa noite de sono! Assim como eu! Carinho!

                             

terça-feira, 6 de abril de 2021

                                   Capítulo IV                   


                                   Ok! Ontem nem com a banda ou o coral em ação, me animei a estar aqui, escrever minhas sensações ou pensamentos! O tratamento quimioterápico, é algo milagrosos, mas, o pior sacrifício que vivi em toda a minha vida. Me coloco solidária com todos pacientes dessa terrível doença! Podes conceber injetarem metal derretido, em teu corpo, através de tuas veias? É isso! Bem isso. O sabor do que quer que seja, que coloques em tua boca, tem sabor metálico! A respiração se torna uma arte, como se estivesses andando em areia movediça...a cada passo um risco. A cada respiração, uma vitória!! As tuas veias ficam finas, como uma hóstia que pode ser desmanchada ao primeiro toque de saliva! O sol, quando toca tua pele, parece que vais pegar fogo! Tá bom para ti?  Então hoje, meu humilde pedido, é que tenhas MUITA PACIÊNCIA com quem estiver nessa maratona, ou, como prefiro falar, aprendizado! É um baita aprendizado. A minha boca,  cem por  cento do tempo, SECA. Grata querido blogspot, por eu poder estar aqui, partilhando esse estigma! Estarei de volta, amanhã! Talvez de, melhor humor. 

domingo, 4 de abril de 2021

 Capítulo III


                             Sinto as pálpebras pesadas. Estou na uti do hospital. Não consigo mover meu pescoço, tem um cateter nele. Devagarinho, vou assumindo minhas funções! O desafio maior, é estar sem comando, nenhum. Dona de mim, sempre fui. Mexem em meu corpo a toda hora. Uma fisioterapeuta está me ensinando a  respirar, pois sinto falta de ar. Quantas horas? Quantos dias ? Perdi a noção. Minhas orações são todas voltadas para agradecimento. À vida, ao carinho destas pessoas que são estranhas, para mim. Após uma eternidade, recebo a noticia de que vou sair da uti. Fico feliz! Já no quarto, do SUS, tem 3 camas/pacientes. Mana Janice acomodada em um sofá que deita, é minha acompanhante. Banho? Urgente. Ser um pouquinho Rejane de novo me traz dignidade, para comigo mesma. O aprendizado que vivi naquele quarto hospitalar, vou levar para a vida inteira! Conheci mulheres como eu, lutando pela vida e, um atendimento de toda a equipe médica e para médica, de primeira. Carinho, tanto carinho.  Adel foi nos buscar e largar na casa de minha mãe.  Retornei ao útero materno dia vinte e dois de novembro de dois mil e vinte. Não lembro detalhes, mas foi muito difícil... tudo... Minhas irmãs Janice e Elisabete, cuidaram de mim. Eu me sentia tão acolhida, apesar de no outro quarto do apartamento,  estar mãe Dada em uma cama hospitalar, com Alzheimer e demência, sendo cuidada noite e dia por Elisabete. Uma mulher incansável, esta minha irmã. Retorno à minha casa dia oito de dezembro. Bom, recuperação cirúrgica em andamento. Consulta com nova equipe, agora sim, entrar no real pesadelo da luta contra o câncer: a quimioterapia. Seis no total, de vinte e um em vinte e um dias. Desnecessário falar aqui, o quanto agradeço à medicação na qual estou sendo tratada! Ao despertar, ao adormecer, repito a palavra gratidão, através das contas de meus japamalas! O que tenho aprendido até então? Além da real sobrevivência? Que o que mais amo nessa vida, o carinho, sempre esteve ao meu lado! Dos modos mais diferentes, possíveis! Posso citar alguns, porque adoro falar de carinho: Susi Maria vindo aqui em casa cozinhar a melhor sopa do mundo; Elisabete trazendo água para eu tomar as medicações; Carina fazendo chá e atendendo a Gisela; Lisiane Vinicius e família com o fogo aceso; Loreti depositando $ preocupada que eu coma frutas; aqui, usei um exemplo para agradecer à todas as Anjas e Anjos que têm trilhado esse caminho, comigo. Não teria como citar aqui, tanto carinho. A ajuda de tantos seres humanos, jamais me deixou sentir pânico, juro para ti, que lês este blog.  Entendi que os momentos cruciais, em que choro sem que ninguém veja( a não ser poucas pessoas), eles precisam existencialmente, serem vividos por mim! Te confesso que quando as crises pós quimioterapia passam, estou uma adolescente sem certeza de futuro,,. unida à uma anciã que sorri calma dizendo que tudo vai passar. Hoje, é isso que eu precisava registrar aqui. O caminho que já foi trilhado! Até amanhã! Carinho!

sábado, 3 de abril de 2021

                                          Capítulo II

                                          Foi um estranho despertar. Lembro de estar recebendo a  anestesia.  Adormecer profundamente, e me sentir em um ambiente estranho, diferente.  Busco identificar onde estou, a princípio parece outro planeta ou outra dimensão. A reverberação de movimentos é sem som. A luminosidade é pálida, tipo cinza prateado. Sinto  movimentos passarem por mim, mas estou imobilizada. Não enxergo nada familiar. Percebo sons sem identificar a origem deles. Entendo os sons...falam de tele transporte. Procuro visualizar o que é meu corpo. Mas não entendo o que sou. É UMA MASSA FÍSICA, sem forma, mas nada parecido com sombra. Volto minha atenção para o som. É uma língua que conheço, pois entendo tudo perfeitamente. É como se eu estivesse em uma aula da escola. Sempre atenta. A lógica do que é ensinado, é surpreendente, imagino como Leonardo da Vinci se sentia, com tantas informações, a vida inteira.  Ao pensar no mestre Leonardo, brota de dentro de mim uma enorme irritabilidade. Poxa! Mas nem aqui, me deixam em paz? Isso surgiu como um raio, ao lembrar que eu estou em anestesia...é minha saúde! Estou em uma cirurgia de retirada de um câncer! Não bastou até aqui ? 67 anos! Desde menina vivendo com mundos paralelos, com povos visíveis só para mim, a cada instante. Agora necessito estar concentrada em minha saúde, ou na recuperação dela. Sinto uma fraqueza assustadora, como se me distanciasse abruptamente dessa realidade cinza pálida! Sinto falta de ar, náuseas, meu Deus! Estou morrendo? Não consigo respirar, que assustador! Tudo fica preto ao meu redor. Sinto meu corpo mergulhar em um redemoinho escuro, denso, pesado.  As minhas têmporas latejam e um movimento agitado de pessoas, vestidas de branco, ao redor de mim, tocando meu corpo. A dificuldade em respirar normaliza, Um líquido foi injetado em meu pescoço , e caio em um sono profundo. Uma paz desconhecida, misturada com alívio, toma conta de mim. Não estou morta!

sexta-feira, 2 de abril de 2021

                                                         Buscando entendimento existencial


Me encontro em um momento especial, estranho, doído, de vida!  Tratando um câncer de útero, já extirpado em uma cirurgia, onde fiquei 48h na uti, pós cirurgia. Isso aconteceu em novembro de 2020.  Desde então, o tratamento quimioterápico, tem sido vivido em sessões de 21 em 21 dias, no abençoado hospital Santa Clara, em Porto Alegre. que caminhada dura! Não lembro de ter tomado, ao longo de meus 67 anos, tanta medicação, em minha vida.  Não havia sentido ainda, meu corpo, como sinto hoje! Sabe tratamento à base de ervas? Cristais? Benzeduras? Sim, assim foi minha ida, até então. Criei meus 4 filhos assim, inclusive a quarta fila, que é cadeirante e surda! Quero deixar aqui claríssimo que, não estou gemendo ou me queixando... estou buscando entendimento, nessa nova nascida de vida. Renascer das cinzas? É isso. Phoenix, eu pensava conhecer essa vivência, afinal todos os dias, ao acordar, olhando o reflexo do meu rosto no espelho, enquanto escovava os dentes, eu me saudava: Bom dia Estranha! Sempre renascida, a cada dia. Hoje, quando acordo e vejo o reflexo de mim mesma, sinto carinho e compaixão, por essa mulher refletida. Me acho uma mulher bonita, sim, Nem a perda do cabelo, me entristeceu. Na real, sempre sonhei em raspar a cabeça. Mas não é essa a questão. É o modo como estou sentindo tudo isso. Já passei por todas as fases conhecidas e aprendidas com outras mulheres que passaram e passam por isso. A mudança tocou minha juventude, não tenho mais a exuberância interior de meus eternos 20 anos.  Não sinto falta disso. Só não entendo, porque essa foi a mudança maior. Não que eu sentisse essa juventude como eterna, é que ela não se modificava. Seria ilusão? Seria o modo rejane de ser????? Pois então... vou reiniciar o hábito de escrever aqui, nesse blog. Vou começar do momento que nasci de novo, quando despertei na uti do hospital. Posso ter certeza que ali, naquele momento, vindo de uma experiência entre vida e morte, que eu renasci. E olha, conforme a equipe médica falou: 8 entre 10 mulheres que têm esse tipo de câncer,  morrem!! Assim vou fazer... talvez assim, eu possa me cobrar menos, por estar tão complicado, me reconhecer e me reencontrar. Até a próxima escrita! Gratidão!