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segunda-feira, 30 de julho de 2012
Seguindo a trilha Cap V a
É noite, o canto da coruja desperta Jacira. As dores em seu corpo, trazem como um raio a violência sofrida. Não consegue mais chorar! Está muito fraca. Junta a pouca energia que tem para esfregar duas pedras, uma na outra, nos galhos secos, que sempre deixa pronto para usar. Logo uma pequena fogueira arde e o crepitar dos galhos secos, é o único som ao redor, até a coruja está quieta. Coloca em um pote de barro algumas ervas que guarda dentro de um velho saco. Vira água de um cântaro e coloca junto do fogo para aquecer. Sonolenta, fraca, espera com paciência que o fogo faça sua parte. Logo a infusão das ervas deixa exalar do pote, um cheiro forte. Está pronta a beberagem. Bebe, engolindo devagar todo o líquido. O gosto é adocicado, acarinhando o corpo da jovem índia. Conforme seu corpo absorve o líquido, uma nova energia brota nela. Sua voz,grave como num lamento, entoa um canto. Lá fora, as estrelas dominam o céu. A lua cheia brilha, clareando a escuridão natural da mata e o som da sua voz é expandida para longe. Animais e pássaros acostumados com o canto alegre que ela canta, todos os dias, sentem seus pelos e penas arrepiarem, os amigos queridos dela sentem que algo de muito ruim aconteceu. A voz dela não é mais a mesma! Dentro da oca, ela veste suas roupas de feiticeira. Pinta o rosto, braços, pernas com o carvão do fogo do dia anterior onde ela tão feliz encerrara os rituais, que parece que foi há séculos atrás! Sua voz canta dando um ritmo acelerado, alto e vai se tornando rouca. Seu olhar atravessa a oca, abre as asas de gavião que neste momento está nela, voa até o rio, na cachoeira, buscando o rosto daqueles homens, até identificar um por um, são sete. Retorna rápida à oca. Retoma a consciência, sendo Jacira a feiticeira! Ela pega o saco preto, cheio de espinhos. A voz grave e rouca. começa agora uma cantinela de malefícios, dirigidos aos homens que a violentaram. Quando joga os espinhos no fogo, surge um clarão forte e a forma da salamandra se delineia nas chamas. Com o corpo tremendo, devido ao poder que está exigindo dele, ela fala palavras xamânicas, e com o espinho fura seu dedo indicador da mão esquerda. O sangue começa a escorrer e ela o pinga sobre as chamas, sobre os espinhos que queimam e que enviam a morte decretada por ela, à salamandra. Repentinamente a floresta se enche de gritos apavorantes, comungando todas as fôrças da escuridão com ela. Então uma explosão acontece e a salamandra é libertada do fogo, levando com ela as maldições e a sentença. Jacira levanta, vai até a entrada da oca e acompanha com olhar duro o rastro de fogo que se afasta célere em busca de seu destino.
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