Autobiografia

Piquenique com a turma da sala de aula!!!!!!
 Eu amava este acontecimento, foram tres, não mais que isso. Ou era acontecimento de fim de ano, fim do ginásio, ou gincana da escola. Foram as experiencias mais bárbaras que vivi! Os piqueniques envolviam o preparo: o que levar para comer; roupa escondida: o biquini para o banho de rio; a expectativa de sair de casa e ter uma folga da rotina!
 O mais maravilhoso, aconteceu no rio Marau! Foi com a turma do ginásio, uma média de onze  a doze anos. As(os) professoras(fessores) eram muito legais, eles também viviam um momento de mudança de comportamento e davam, até certo ponto, uma liberdade relativa, para nós.
Lembro que foi a turma toda, e que no caminhão que nos levou(não havia transporte escolar e um pai de aluno levava e buscava a turma em seu caminhão), ficávamos amontoados na carroceria e a grande aventura era ficarmos em pé, e não cairmos conforme os solavancos, pois a estrada era de terra e cheia de curvas!
Foi neste piquenique que aprendi a entender a sombra cinza, que via (vejo ainda hoje), em algumas pessoas, mas era só isso.
Um colega de aula, ele era muito quieto, e no que subimos na carroceria do caminhão, ele pareceu ter sido ligado numa tomada. Ficou chato, não calava a boca e fazia brincadeiras irritantes.  O que me chamou atenção nele, foi a sombra cinza que não desgrudava dele. Os professores fizeram ele sentar com eles, no meio da ida, ele estava incomodando todo mundo mesmo!
Quando chegamos na beira do rio, o lugar era muito lindo, com água forte e pedras roladas bem escuras na beira d´água.
O colega da sombra tropeçou , ao descer do caminhão e caiu do meu lado. Eu já havia descido e ele bateu com seu corpo em minhas pernas quando caiu no chão. No instante em que ele tocou meu corpo com o seu, a sombra tomou forma e começou a rir. Era um rapaz parecido com ele, mais velho, extremamente brincalhão. Ele viu que o vi e piscou um olho para mim. Foi instantaneo, minha velha guardiã apareceu e fez um sinal para que ele a seguisse.  Durante todo o piquenique eu os via, afastados de nós, pelos gestos dela, o assunto era muito importante.
Ele se aproximou de mim, quando entramos todos na água, foi uma situação, que eu não me surprendia mais. De alguma maneira comprendi que ele não era do meu mundo material. Minha guardiã só aparecia nestas situações.
Perguntei o que ele estava fazendo ali conosco, ele não era da nossa turma. Ele falou que tinha vindo se despedir de seu sobrinho predileto e passar conselhos para ele. Perguntei que tipo de conselhos, ele respondeu que seu sobrinho sempre fôra muito parado e que iria sofrer muito na vida sendo assim. Que quando ele era vivo, ficava sempre com este sobrinho, era o preferido dele.
Ele era muito conversador, mas foi rápido falou que sofrera um acidente na semana que iria casar, e que não tinha dado o anel para a noiva.
Ouvi os gritos de minhas amigas colegas , virei o corpo para rebater a bola de volei, que elas jogaram em minha direção.  Ele sumiu, minha guardiã também e eu comecei a me divertir muito!
Já estávamos de volta, na carroceria do caminhão, quando olhei para meus dedos e dei pela falta do anel de pérolas que ganhara quando fiz a primeira comunhão, de minha madrinha.
Soube na hora que minha mãe iria ficar muito braba comigo, olhei para o céu, dei uma risadinha e silenciei, não iria falar que perdera o anel na água, com toda certeza, pois não senti em momento algum ele saindo de meu dedo. Cada coisa a seu tempo.
Em todos os piqueniques, aprendi algo deste mundo paralelo! Dos outros piqueniques, te conto mais adiante!
O que eu soube, dias depois, é que o tio deste colega morrera em um acidente de carro dias antes de casar, nunca comentei isso com ninguém. Não achava que importasse, era simples eu via, ouvia e silenciava.
Isso se mantem até os dias atuais,pensa bem,  eu seria uma companhia altamente chata, falando de dois mundos em um momento, pior o tempo todo? ...!
Quanto ao anel, nunca, em momento algum, ter foi importante para mim!
Tenhas um lindo dia! Até amanhã!