Ontem à tardinha, com o sol se pondo e a noite descendo rápidamente, fui assistir ao show comemorativo de aniversário da cidade de Porto Alegre. Duzentos e
quarenta anos! Entre muitas comemorações, a prefeitura trouxe Maria Rita cantora, filha de Elis Regina que dispensa apresentação.
Estás a ver que com cadeira e tudo, foi a céu aberto, quatro horas da tarde lá estávamos, para viver esta experiência. Elis Regina é uma deusa, que identifiquei quando a ouvi cantar pela primeira vez, pela televisão. Eu ainda morava em Marau e tinha treze anos. Meu coração disparou ao ouvir a voz forte e o encenar de braços dela, como um pássaro precisando voar! Uma grande mulher, que infelizmente não teve quem tocasse sua mente e a liberasse para o vôo interno do autoconhecimento e autoaceitação. Então, fã silenciosa dela, lá estava eu! Misturada na multidão, chorando em silencio, embalando o corpo, ao som da voz de Maria Rita, sua filha que se apresentava no palco. Foi rápido, uns micro minutos, em que a emoção irracional tomou conta de mim. Expandi para o céu estrelado um amor identificação, no mesmo instante em que centenas de balões azuis eram soltos e subiam rápidos com o vento que soprava leve.
Povo, pobre povo, querido povo, povo na essência da palavra... uma música mais lenta começou a ser cantada, pela voz emocionada da filha que homenageava a mãe que perdera aos quatro anos de idade. Neste instante quebrou o encanto! As pessoas ao meu redor acotovalavam-se umas às outras. ODEIO isso! Falavam em voz alta: báh, mas a Gislaine tava uma gata ontem...pô a cerveja acabou, que m......, tu viu a plástica da Rita, ficou horrível!
Contei até dez.......... acendi um gudan, expeli a fumaça ao redor, dando adeus a tudo aquilo. Consegui irritar algumas pessoas que com cara de nojo, por causa da fumaça afastaram seus corpos uns milímetros do meu. Fumei até o fim, olhando as estrelas brilhantes sobre nossas cabeças. Dois aviões passaram, voando bem alto no céu. A voz de Maria Rita se misturava à mediocridade humana. Fim. Juntamos nossas coisas e saímos, tipo empurrando a manada para o lado. Indo para o estacionamento, vi muitas outras pessoas, também se retirando do show, que não sentia a menor falta de nossa saída!
Ainda ouvindo Maria Rita cantar "alô alô marciano, aqui quem fala é da Terra....prá variar estamos em guerra..." entramos no carro e viemos para casa. Um baita sacrificio, mas valeu a pena, aqueles segundos onde na filha, o dna dela, Elis se manifestou, foi essência pura. e eu estava lá, parta absorver cada partícula!!!
Vamos ter uma excelente última semana de março!!!
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