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sábado, 9 de junho de 2012

kwaiuan

Este é o nome da ilha que sou! Este é o nome da ilha onde moro.Somos uma tribo formada por seres de uma era onde existem duas luas e o céu tem uma coloração rósea. Neste lugar, as relações humanas são vividas com infinito respeito às diferenças. Na oca ao lado da minha, o que chamo de família, é composto por tres mulheres que dividem a manutenção e a estabilidade social e financeira do grupo. No outro lado, qualquer concepção de família, bate de frente com a realidade composta por homens jovens, que limpam a oca e buscam seus alimentos, onde femeas são proibidas de entrar.Onde o sol nasce, uma imensa oca é administrada por seres infantis, não posso deixar de reparar que nesta oca, a alegria está sempre presente! No lado em que o sol se põe, é a oca das anciãs, onde estou enquanto viva, sem doença! Ainda não consegui definir direito, porque os homens daqui, morrem tão cedo. Na realidade, eles fazem muita falta. Eu, por ser anciã, aqui, sinto nostalgia, quando recordo dos meus homens. Tive quatro. Cada um fez em mim, uma semente. E na solidão de minha velhice, as vezes me pego falando com suas almas, resmungando terem me abandonado tão precocemente. Como em tudo, nesta tribo, aceitar a evolução, faz parte da harmonia deste lugar. Então, nem para as outras anciãs, tão velhas quanto eu, falo do sentimento de solidão que vivo. Mesmo porque, este sentimento fica presente, nas noites frias, em que busco ao cobrir meu corpo com harinaia(coberta feita com palha fina trançada), um aconchego com calor do corpo de cada um de meus homens, tão precocemente levados! Sinto falta deles. O som do katwi. chama todos para o centro da taba. Arrasto meu corpo, junto com as outras anciãs. Lá chegando, o soar dos keiwas(tambores) tocados por jovens mulheres, entoa um som triste, de despedida! Aflita percebo com angústia, que conheço estesom. É o toque de despedida. Espio por entre as franjas de meus cabelos brancos ! A tribo está em festa! Hoje as anciãs vão ao encontro do Grande Espírito, para fazerem a viagem sem volta. Grossas lágrimas escorrem por minha face. Eu lembro que vira anciãs derrubarem lágrimas, que nem eu, agora, e que eu rira muito, jovem imatura, das velhas que entoavam cânticos de despedida. Agora é minha vez, cá estou. Ouço o canto das outras mulheres, anciãs, como eu. Não consigo que saia um som de minha garganta! Meu olhar não é de conformismo. Quero gritar, parem tudo isso. Aproveitem da sabedoria de minha geração. Hum, o rosto das jovens guerreiras lembra minhas feições, décadas atrás. Conformada, pego meu thani (sacola de pele de urso, onde estão os alimentos para sobrevivermos uns dias), me junto às outras treze anciãs, e em fila indiana, nos dirigimos para a montanha! Todas as treze, sabemos que é o caminho sem volta. Volto meu olhar para a tribo,distante cada vez mais. Enxergo o aceno de Kini, minha neta, aceno de volta. Enxugo as lágrimas, que teimam em cair em meu rosto. Sou Kwaiuan, já fui chefe desta tribo. Sopro em direção à Kini, enviando sinais de entendimento. Baixo a cabeça, aconchego o manto de pele de urso em mim, e sigo em direção ao meu destino!

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