* Caindo * no mundo real Cap VII
Ontem. Dia catorze de abril do ano de dois mil e vinte e um! Registrei em meu Livro das Sombras. Ontem entendi, definitivamente o que estou vivendo.. Meu Anjo de Guarda, na maratona hospital/exames/consulta médica, foi Adel, pai de meus filhos. Tinha que ter sido ele, pois se fosse minha Anja nana Elisabete, eu teria naufragado, igual ao Titanic. Qual o momento exato ? Quando a dra, minha médica, falou que eu vou ter alta desse câncer, daqui a cinco anos! É como se eu tivesse levado um soco na boca do estomago. Como ? Meu pensamento entrou em choque...parece que o parque de diversões pegou fogo. A té onde eu entendia essa maratona, ela estava chegando ao fim. Não penses que quando a maratona iniciou, eu pesquisei no Google a respeito. Eu sabia que estava nas mãos certas e, que o melhor aconteceria, e que o mando não estava comigo, quer dizer, eu precisava seguir a ordem. E assim foi, até ontem. Cheguei na frente da Dra, Júlia, eufórica... estou chegando ao fim! Penúltima quimioterapia! O tratamento está terminando! Para minha surpresa, ainda tenho quatro anos pela frente. Talvez, como ela mesma disse, terei que fazer radioterapia uiuiui, etc. E a alforria para mim, está nas mãos desta jovem médica! Óbvio que tem toda uma equipe por trás disso tudo à qual sou infinitamente grata! Mas, uiuiuiui. Lá vou eu de novo, novamente, mergulhar no mundo real. Maadona mia...será que vai ser sempre assim? Por que sou projetada para um mundo, onde o aprendizado é tão duro? Será porque sou forte? Com licença, isso é piada existencial. E não estou rindo. O que tem de bom nisso tudo? Que Adel estava ali, comigo. Meu amigo, companheiro, louco como eu, há mais de cinquenta anos! Entendendo meu desconserto. Olhando com ternura e preocupação, minha reação. Estás a ver que não chorei. ali, na hora. Agradeci, peguei as receitas, escondi meu olhar da médica, e saímos. Viemos no carro, trocando nossas recordações, rindo, emocionada! Quando ele foi embora, fui para debaixo do chuveiro, onde chorei muito, muito mesmo. Rejane e seu mundo de Alice. Isso TEM o lado bom...minha criança interior está viva! Ela está comigo, me protegeu desta dura realidade, que agora sim, estou pronta para assumir! Primeiro passo foi dado: chorei muito. Agora é só secar as lágrimas, continuara forte e forte, agradecendo estar no século vinte e um e não ter morrido ainda, por esta doença! Agradecendo a medicina alopática. Agradecendo o Complexo Hospitalar Santa Casa de Misericórdia e TODOS os funcionários que lá trabalham! Por hoje é isso! Gratidão à família, amigos, todos que estão nesse aprendizado, parceiros! Carinho.